12.2.11

Detector de milagres





















Ilustração

Como saber se um milagre é falso ou verdadeiro, se vem de Deus ou procede do diabo?

Era um teste real para a habilidade de Roger Morneau ao volante. Um inverno rigoroso chegara no oeste do Estado de Nova lorque. A neve havia derretido durante o dia e, depois de o sol sumir, tinha se congelado novamente, deixando a rua extremamente escorregadia. Roger concentrava todos os seus esforços para manter o carro na estrada.
A rua seguia por uma descida, e pouco depois vinha uma curva inclinada. Roger conduziu o carro costeando o morro, sem pisar nem no acelerador nem nos freios, para não perder o controle. Ao se aproximar da curva, no final da descida, ele rezava para que nenhum carro ou caminhão estivesse vindo no sentido contrário.
Na curva, nenhum veículo apareceu. Mas ele avistou algo quase tão ameaçador: um cavalo parado no meio da rua. Roger só teve tempo de fazer a mais rápida das orações:
“Querido Jesus, me ajude!”
Naquele instante, uma força externa tomou conta do volante e conduziu o carro em direção às patas dianteiras do cavalo. Quando a batida parecia inevitável, o cavalo se ergueu sobre as patas traseiras e deu um salto.
Roger se abaixou para não ser atingido pelos cascos do animal, que, pelo jeito, iam arrebentar o pára-brisa. Mas o cavalo não atingiu o carro, que passou incólume, e só então caiu em pé novamente, sobre as quatro patas.
Roger Morneau ficou convencido de que Deus tinha operado um milagre.
Hoje em dia, fala-se muito em milagres. É cada vez mais comum ver pessoas dispostas a relatar suas experiências milagrosas. E estão sempre agitadas para revelar como Deus interveio em sua vida. Apesar da cultura científica que nos cerca, o inexplicável e o misterioso atraem as mentes das pessoas.
É bom ser livrado do perigo de uma forma sobrenatural ou ser curado de uma doença terrível. A cura é especialmente bem-vinda quando o médico diz que só nos resta um mês de vida. Mas nossa fascinação por milagres levanta importantes questões sobre o poder que está por trás desses fenômenos. Será que, em alguns casos, algo sinistro não se encontra encoberto pela fachada sensacional e atrativa? Se isso acontece, como podemos saber com certeza quando um milagre é resultado da intervenção de Deus?

MILAGRES PERIGOSOS

É fácil supor que quando os resultados de um milagre são bons - cura de uma doença, livramento do perigo, família reunida de novo, e assim por diante - um poder para o bem deve ter agido. Essa pressuposição sugere que todas as coisas boas vêm de um Deus bom, e que o demônio faz apenas coisas más.
Entretanto, a Bíblia ensina que Satanás freqüentemente disfarça seu trabalho com uma máscara de boas intenções e nobres ideais. Não é preciso ser um PhD para ver que o mal é duas vezes mais perigoso quando se apresenta sob um véu de curas milagrosas e fenômenos sobrenaturais.
O apóstolo Paulo resume bem esta verdade: “E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça” (II Coríntios 11:14 e 15).
Jesus falou-nos de um diálogo que Ele vai ter com um grupo de profetas e curandeiros místicos no dia do julgamento:
“Muitos, naquele dia, hão de dizer-Me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em Teu nome, e em Teu nome não expelimos demônios, e em Teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniqüidade” (Mateus 7:22 e 23).
Como Cristo “nunca conheceu” essas pessoas, o poder delas para operar milagres deve ter vindo de uma outra fonte.
Jesus também previu que, perto do fim, Satanás iria revelar cada vez mais intensamente seus poderes sobrenaturais, na tentativa de enganar o maior número possível de pessoas. “Surgirão falsos cristos e falsos profetas”, disse Ele, “operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mateus 24:24).
Falando sobre a futura vinda do anticristo, o apóstolo Paulo escreveu: “O aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem” (I Tessalonicenses 2:9 e 10).
Finalmente, João, descrevendo um poder apóstata que irá surgir durante os últimos dias da história humana, escreveu: “E ela [a besta] também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à Terra, diante dos homens. Seduz os que habitam sobre a Terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da primeira besta” (Apocalipse 13:13 e 14).
Aplicando essas informações aos casos de curas sobrenaturais, fica óbvio que Satanás é capaz de posar como um brilhante operador de milagres, ou médico espiritual. Sendo que a Bíblia trata o assunto dessa maneira, surge a questão: podemos tomar sinais milagrosos e curas maravilhosas como evidências incontestáveis da intervenção divina? A resposta é: “não necessariamente”.

TESTES CONTRA O ENGANO

A questão básica, então, não é se aconteceu um milagre, mas como distinguir entre os milagres que vem de Deus e aqueles cuja fonte é Satanás. Dá para saber a diferença? Sim. Sugiro quatro coisas para evitar o engano:

1. Conheça bem a Deus:

Um especialista em reconhecer dinheiro falso foi indagado sobre como tinha conseguido essa habilidade. “Estudando continuamente as notas verdadeiras”, foi a resposta.
Esse é um bom conselho para cristãos que querem aprender como conhecer a diferença entre o que vem de Deus e o que procede de Satanás. Para desmascarar o trabalho de Satanás, precisamos estar familiarizados com o Deus que faz milagres.
Quanto melhor conhecermos a Deus, mais fácil será reconhecer Satanás. Quanto mais compreendermos as obras de Deus, mais capazes seremos de detectar as de Satanás.

2. Certifique-se de que o operador do milagre está comprometido com a causa divina:

O evangelho nos conta que Jesus viajou muito, e que “percorria todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades” (Mateus 9:35). Seus milagres sempre ilustravam Seus ensinamentos. Despertando interesse, os milagres preparavam as pessoas para aceitar a mensagem da salvação.
E quando Jesus enviou Seus discípulos para pregar ao mundo, enfatizou primeiro a idéia de espalhar o evangelho e fazer discípulos; sinais e milagres serviriam principalmente como confirmação de que o poder divino estava operando por intermédio deles.
Os milagres nunca deveriam ser o foco principal da sua atividade; e jamais deveriam ser realizados para fins sensacionalistas ou de exaltação pessoal, nem como um negócio. Deveriam ser uma maneira de abrir o coração das pessoas, não seus bolsos.
Os milagres de Cristo e dos apóstolos foram sempre feitos num contexto de proclamação das boas-novas da salvação. O ministério da cura estava inseparavelmente ligado ao ministério do ensino. Esse mesmo padrão deve ser visto hoje no trabalho dos cristãos.
Para serem genuínos, os operadores de milagres contemporâneos devem combinar qualquer ato milagroso que façam com a proclamação do ensino bíblico da salvação dos pecados. Caso contrário, esses milagres são suspeitos.

3. Compare a vida e os ensinamentos do operador de milagres com a Bíblia:

Operadores de milagres que representam a Deus não devem apenas ensinar; devem ensinar a verdade. A vida dessas pessoas está de acordo com os princípios bíblicos? Os ensinamentos que acompanham seus milagres estão em harmonia com a Bíblia?
Sempre haverá pequenas diferenças de opinião entre bons cristãos. Mas os ensinos da pessoa que realiza milagres devem estar em harmonia com os ensinos básicos da Bíblia sobre Deus e Seu relacionamento com o pecado e com pecadores. Por exemplo, um falso ensino que alguns “milagreiros» defendem hoje é a idéia de que nós somos um pequeno pedaço de Deus, ou mesmo Deus.
Estejamos bem alertas contra qualquer curandeiro que justifica o pecado. Jesus freqüentemente dizia àqueles que curava: “Vá e não peque mais O operador de milagres deve apelar aos curados para que se arrependam dos pecados.

4. Note quem é a “estrela” do show:

Os milagres que chamam mais atenção para o agente humano do que para Deus não são genuínos. A questão não é a fama do operador de milagres, já que Jesus era famoso.A questão é se o ensino do “milagreiro” enfatiza Jesus e Sua salvação, ou se dá destaque ao sensacional.
Atribui a pessoa todo o crédito a Deus, ou fica perguntando sobre o número e a data de validade de seu cartão Visa ou MasterCard? Se este for o caso, não dê nenhum crédito ao operador de milagres.
Não basta o operador de milagres satisfazer um ou dois desses critérios. O verdadeiro agente de Deus preencherá todos os pré-requisitos. Jesus disse que, por ocasião de Sua segunda vinda, muitos irão alegar que expulsaram demônios e realizaram milagres em Seu nome, mas Ele dirá:
“Nunca os conheci. Afastem-se de Mim, vocês que só fazem o mal’ Não importa quanto os curandeiros possam falar de Jesus, se sua vida e ensinamentos não estão em harmonia com os ensinos de Cristo e da Bíblia, devemos ser céticos sobre seus milagres.
A segunda vinda de Cristo está cada vez mais próxima. Isso significa que os milagres enganosos que Cristo e Seus apóstolos previram também estão bem próximos, e talvez até já estejam acontecendo.
Numa época em que há tanto fascínio com os milagres e o sobrenatural, precisamos ser extremamente cuidadosos em aceitar algo como genuíno, sob pena de sermos enganados. O descuido pode sair caro.

Autor: Cezar Luchian, ex-editor da revista “Sinais dos Tempos” na Romênia

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